A construção civil é um dos setores mais importantes para a economia brasileira, responsável pela geração de empregos, habitação e infraestrutura. Em 2025, no entanto, o setor enfrenta um cenário desafiador, marcado principalmente pelos juros elevados, que limitam investimentos e encarecem o crédito imobiliário.
O impacto da taxa de juros elevada
De acordo com a Sondagem CNI (Sondagem Indústria da Construção) em parceria com a CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a taxa Selic deve alcançar 14,75% em 2025, o maior patamar em quase duas décadas. Esse cenário torna o crédito imobiliário menos acessível, reduzindo a demanda por novos financiamentos habitacionais e aumentando os custos das empresas.
Além disso, a alta de juros impacta diretamente o consumo das famílias e inibe novos projetos, travando o ritmo de crescimento da construção civil.
Crescimento ainda previsto para o setor
No início do ano, a pesquisa Focus estimava um crescimento médio de 2,02% para a economia brasileira. Agora, a mesma pesquisa projeta uma expansão do PIB de 2,23%. Apesar dos obstáculos, a CBIC projeta um crescimento de 2,3% para o setor em 2025. Esse avanço é impulsionado, principalmente, pela retomada e ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida, com destaque para a ativação da faixa 4, voltada para famílias de maior renda dentro do programa habitacional.
Esse movimento deve estimular tanto a construção de novas moradias quanto a geração de empregos formais na cadeia produtiva da construção.
Mercado de Trabalho
Apesar da conjuntura econômica, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 7% no 1º trimestre de 2025, a menor para o período desde 2012. Porém, houve alta em relação ao trimestre anterior, com 7,7 milhões de pessoas desocupadas.
Na construção civil, o setor gerou mais de 100 mil empregos formais nos primeiros três meses do ano, equivalente a 15,34% do total de vagas do país. Ainda assim, esse saldo foi 8,75% menor que em 2024.
Salário Médio de Admissão na Construção Civil em 2025
Segundo dados recentes do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho, a construção civil se destacou em março de 2025 como o setor com o maior salário médio de admissão, alcançando R$ 2.420,97. Esse valor supera a média geral das demais atividades econômicas, que ficou em R$ 2.225,17, evidenciando a relevância do segmento na geração de empregos mais bem remunerados no país.
Destaques na geração de emprego
Nos primeiros três meses de 2025, a construção civil registrou aumento no número de empregos em praticamente todos os estados brasileiros. Apenas Acre, Maranhão e Pará tiveram resultados negativos, com mais demissões do que admissões. Entre os destaques positivos estão São Paulo (33.271), Minas Gerais (13.217) e Santa Catarina (9.425), que lideraram a criação de vagas, confirmando a força do setor como gerador de oportunidades no país.
Produção e Vendas de Insumos
A produção de insumos típicos da construção cresceu 4,9% no 1º bimestre de 2025, enquanto o comércio varejista de materiais de construção avançou 6,7%.
No caso do cimento, foram vendidas 15,6 milhões de toneladas no 1º trimestre — alta de 5,9% em relação a 2024. Apesar disso, o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento projeta crescimento mais modesto em 2025, entre 1% e 1,5%.
Mercado Imobiliário
Os dados da CBIC mostram queda de 7% nos lançamentos no início de 2025, reflexo da elevação dos juros e da cautela dos investidores. Em contrapartida, as vendas de imóveis cresceram 17%, impulsionadas pelo mercado de trabalho ainda aquecido e pela melhora na renda média.
Índices Custo da Construção está superior a inflação
No primeiro trimestre (jan/mar) o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) registrou baixa de 0,38% em março 2025 conforme evidenciado pela taxa acumulada em 12 meses, e atingiu 7,32%, índice acima do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) que mediu 5,48% em março 2025 , ou seja, o índice da construção está acima da inflação no mesmo período.
Falando ainda da taxa do INCC, no acumulado de 12 meses, a categoria Materiais e Equipamentos do INCC registrou variação de 5,96%. Em março, a variação mês foi de 0,42%, representando uma discreta redução de 0,01 ponto percentual em relação ao índice do mês anterior, que havia sido de 0,43%. Esse resultado aponta para uma desaceleração no ritmo de aumento dos custos dessa categoria.
Em março de 2025, o índice de mão de obra apresentou na variação mês 0,35 %, representando uma leve baixa em comparação ao resultado de 0,59 % registrado em fevereiro. No acumulado de 12 meses, a variação atingiu 9,59%, desempenho superior ao verificado no mesmo período do ano anterior, quando o índice havia ficado em 6,27%.
Perspectivas para 2025
Embora a construção civil continue sendo um dos principais motores do emprego formal no Brasil, o setor enfrenta desafios como:
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Custo elevado do crédito devido à alta da Selic;
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Inflação pressionada, que encarece insumos e afeta margens;
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Menor dinamismo econômico, tanto no Brasil quanto no exterior.
Por outro lado, fatores positivos podem sustentar o desempenho:
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Crescimento do mercado de materiais e insumos;
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Demanda imobiliária consistente, mesmo em cenário de incerteza;
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Geração de empregos formais, que mantém a renda das famílias.
Conclusão
O desempenho da construção civil em 2025 reflete um equilíbrio entre desafios e oportunidades. Enquanto os juros elevados limitam o fôlego do setor, iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida e a busca por soluções mais sustentáveis mantêm perspectivas positivas.
Para manter o crescimento e superar os entraves, será essencial avançar em políticas de crédito, simplificação tributária e capacitação profissional. O crescimento segue como um dos pilares da economia brasileira e terá papel decisivo na retomada do desenvolvimento do país.
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