Se você está envolvido com obras — seja como profissional, cliente ou gestor — já deve ter esbarrado com a sigla BDI. Mas afinal, o que é BDI na construção civil? E por que ele aparece embutido nos orçamentos?
O que é BDI?
O BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) na construção civil é um percentual que se adiciona ao custo direto de uma obra para cobrir despesas que não estão ligadas diretamente à execução dos serviços, como impostos, taxas, seguros, custos administrativos e lucro da empresa.
Ele garante que a construtora consiga pagar todas as contas e ainda tenha uma margem de lucro no fim do projeto. Em outras palavras, o BDI ajuda a formar o preço final de venda de um serviço ou projeto.
Sem o BDI, o orçamento da obra ficaria incompleto gerando prejuízos financeiros, podendo inclusive comprometer o andamento da obra.
Então, imagine que você calculou todos os materiais e a mão de obra de uma obra. Esse é o custo direto. Mas ainda falta incluir os custos indiretos.
Custos diretos e indiretos
Custos diretos são os que estão diretamente ligados à execução física da obra. Por exemplo:
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Materiais (cimento, tijolo, ferro);
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Mão de obra (pedreiros, eletricistas, encanadores);
-
Equipamentos usados na obra.
Já os custos indiretos são aqueles que ocorrem mesmo sem estarem ligados diretamente à execução dos serviços da obra:
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Salário da equipe administrativa;
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Contador, advogado, engenheiro que não está no dia a dia da obra;
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Aluguel do escritório;
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Telefonia e internet;
-
Tributos (ISS, ICMS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL e INSS)
-
Seguros;
-
Lucro;
-
Despesas financeiras.
Tudo isso é somado e aplicado como um percentual sobre o custo direto da obra. O resultado é o preço de venda.
Por que o BDI é tão importante?
O BDI é essencial para a saúde financeira de um projeto porque garante que todos os custos indiretos, tributos e a margem de lucro estejam devidamente contemplados no preço final da obra. Em licitações, sua correta composição é decisiva, um BDI subestimado pode levar a prejuízos e inviabilizar a execução contratual, um BDI superestimado pode tornar a proposta pouco competitiva.
O Decreto nº 7.983/2013 citado no O Acórdão 2622 do TCU reforça essa importância ao estabelecer diretrizes para a elaboração dos orçamentos de obras públicas, exigindo transparência na composição do BDI e detalhamento dos seus elementos. Dessa forma, o decreto busca coibir distorções, promover a justa concorrência e garantir o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, protegendo tanto o interesse público quanto a viabilidade das empresas executoras.
Como calcular o BDI?
Não existe uma fórmula única, cada projeto possui características específicas que impactam na composição do BDI. No exemplo abaixo vamos trazer a composição das despesas indiretas recomendada pelo TCU (onerado) que é a seguinte:
AC
|
Administração Central
|
4,00%
|
DF
|
Despesas Financeiras
|
1,23%
|
SG
|
Seguros e Garantias
|
1,57%
|
R
|
Risco
|
0,50%
|
L
|
Lucro
|
8,96%
|
T1
|
PIS
|
0,65%
|
T2
|
CONFINS
|
3,00%
|
T3
|
Contribuição Previdenciária (CPRB)
|
0,00%
|
T4
|
Tributos estaduais
|
0,00%
|
T5
|
ISS
|
3,00%
|
Caso o valor do orçamento seja desonerado, é necessário acrescentar o percentual de 1% a 4,5% referente à CPRB (Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta) na composição do BDI. Essa inclusão garante a cobertura adequada dos encargos previdenciários substitutivos.
Vale lembrar que a Lei Federal nº 14.973/2024, sancionada em 16 de setembro de 2024, manteve a desoneração total da folha de pagamento até 31/12/2024 e inaugura uma reoneração gradual de 2025 a 2027, com percentuais crescentes da contribuição sobre a folha (CPP – INSS) e decrescentes da CPRB (sobre a receita bruta), então é importante estar atento para as mudanças ao aplicar o BDI.
Retornando a contribuição integral de 20% CPP (Contribuição Previdenciária Patronal) em 2028 e zerando a CPRB (Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta) encerrando assim a desoneração.
Impactos na não aplicação do BDI
A não aplicação do BDI em um projeto de construção pode gerar sérios problemas financeiros e operacionais durante a execução da obra. Sem o BDI, o orçamento cobre apenas os custos diretos, como materiais e mão de obra, mas ignora despesas fundamentais como impostos, administração, equipamentos de apoio, riscos e lucro.
Isso leva a um preço de venda subestimado, que pode causar falta de recursos no meio da obra, atrasos, cortes de qualidade e até paralisações. Além disso, a empresa corre o risco de operar no prejuízo e comprometer sua sustentabilidade. Ou seja, sem o BDI, o orçamento deixa de ser uma ferramenta de gestão e passa a ser um risco financeiro para o projeto.
Tecnologia a seu favor
No software i9 Orçamentos, o usuário conta com a praticidade de aplicar o percentual de BDI de forma flexível e inteligente, podendo configurar esse índice de maneira individual, por tipo de insumo ou diretamente no orçamento geral. Isso permite um controle mais preciso e adaptado à realidade de cada projeto.
Além disso, o sistema já contempla o BDI recomendado pelo TCU, garantindo conformidade com as exigências legais e facilitando a elaboração de orçamentos públicos com transparência e segurança técnica. Nesse formato tem a possibilidade de mantê-lo conforme recomendado pelo TCU, ou ainda ajustá-lo para melhor lhe atender.
Conclusão
Espero ter ajudado você a entender o que é BDI na construção civil, pois o BDI não é um “extra” inventado por quem faz orçamentos. Ele é uma ferramenta essencial para que a obra seja viável, segura e lucrativa. Se você está orçando uma obra ou contratando um serviço, entender o BDI ajuda a ter transparência e controle financeiro.
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